A endodontia contemporânea, nestes últimos quinze anos,  foi e continua sendo contemplada por uma série de mudanças, tanto nos seus conceitos, quanto tecnicamente, por conta de estudos mais qualificados, com metodologias mais apropriadas, inclusão de novos materiais e instrumentais, verdadeiros facilitadores nos procedimentos clínicos,   e da introdução de tecnologia moderna e apropriada,  tornando-a uma especialidade mais segura, menos desgastante tanto para o profissional quanto para o paciente, e mais previsível.

Não podemos deixar de citar aqui, oportunamente, os grandes avanços nos estudos com as células tronco. Onde os termos regeneração e revascularização estão disputando espaço no cenário endodôntico, com outros temas,  de forma madura, em que os estudos vem sendo desenvolvido com alto nível de aprovação.

O que é importante ressaltar, é que a biologia da mesma forma que é afortunada nas suas respostas, com um complexo e rico sistema celular de defesa,  precisa de algumas condições que favoreçam  o desempenho do mecanismo de ação. Dois dos fatores mais importantes, são: ausências de microrganismos viáveis e  trauma. Pois a finalidade precípua da endodontia é o controle da infecção para que o organismo possa desenvolver o seu mecanismo da ação frente às injúrias causadas tanto pelos patógenos quanto pelo próprio tratamento.

Todo organismo tem poder biológico de cicatrização, fator este, inerente à sua própria carga genética, onde existe uma composição celular preparada para  trabalhar continuamente, com um mecanismo de ação altamente eficaz. Evidentemente que devemos criar recursos facilitadores para  a ação do organismo. A medicina respeita de forma pragmática: um paciente quebra um membro… o médico reposiciona e imobiliza. Opera uma perna… orientação para uso de muletas por determinado tempo ( repouso ), etc…  Normalmente não vemos pessoas que quebraram o braço… permanecendo este solto. Porque são tratamentos previsíveis. Quando se executa um procedimento de forma correta e mantém repouso para que  o organismo se restabeleça,  sabe-se qual será a resposta. Isso acontece em qualquer região do corpo humano. O mecanismo de ação para uma resposta cicatricial na boca é o mesmo para a barriga, membros, cabeça, etc…

Na cavidade oral a coisa só muda um pouco…apesar do  ambiente ser  inóspito, a maioria dos problemas que acontecem é por falta de orientação do profissional…pois  as recomendações deverão ser precisas. O grande problema é que se desconhece o potencial de determinado material e mesmo assim confia como se apenas o procedimento fosse o suficiente. Não podemos esquecer que a boca é o local, além de mais contaminado do corpo humano, é o que mais se utiliza, isto é, está sempre em evidente atividade. Recomendações como retorno para revisão, dieta, higiene, orientação para um tratamento complementar com outro profissional, cuidados extras… tudo isso deverá ser explicado ao paciente.

É necessário ressaltar que não existe mágica na técnica e muito menos nos materiais. O conhecimento sobre o que se usa nos procedimentos é de fundamental importância, sobretudo porque existem limitações na utilização. Cada material e técnica tem as suas indicações específicas. O que serve para um poderá não servir para outro. O importante é criar e seguir um protocolo preciso e seguro. Conhecer as recomendações do fabricante, conhecer as propriedades físico-químicas dos materiais e subsstâncias é ponto fundamental.

Indubitavelmente, independente do que se utiliza como recurso para um tratamento, seja tecnológico, seja através de substâncias e materiais, seja através de técnicas mais eficientes, etc e tal… são dois fatores: o conhecimento e a relação com o paciente. Segurança, precisão, confiança, responsabilidade e conscientização, são palavras que podem traduzir a seriedade e compromisso  que o profissional tem em relação ao seu paciente.