Geralmente, quando um dente é indicado para a terapia endodôntica, ele encontra-se com a estrutura coronária comprometida, ou por cárie, ou com restaurações anteriores extensas e comprometidas, ou coroa protéticas. Portanto, muitas vezes, existe a possibilidade de fratura corono-radicular proveniente da fragilidade que o remanescente dentário apresenta. Somando à tensão mastigatória existe a possibilidade de apertamento dental promovendo um trauma oclusal que pode conduzir a uma fissura mesmo em dentes vitais. Aparentemente o dente apresenta-se hígido, entretanto com presença de micro-trincas que geralmente passam desapercebidas pelo profissional.
Muitas vezes o profisional realiza um tratamento com todo o rigor, achando que acertou nos procedimentos e com imagem radiográfica compatível com bom tratamento… após algum tempo, persiste ou surge lesão numa área que dantes não existia… entra em questão o diagnóstico preciso na detecção de micro-fissuras que acontecem com muita frequência sem serem notadas pelo profissional. O tratamento é executado e a micro-fissura passa desapercebida. Algum tempo depois do tratamento, este concluído, ou em fase medicamentosa, aparecem ou persistem os sinais e sintomas, principalmente com queixa de persistência de desconforto durante a mastigação.
A utilização do microscópio operatório durante o exame de diagnóstico, o preparo coronário com abertura da câmara pulpar e remoção de dentina comprometida e desinfecção do assoalho e embocaduras, nos dá muita segurança devido à magnificação e iluminação que ele proporciona, detectando irregularidades, defeitos anatômicos, fendas, fissuras e fraturas corono-radiculares… que a olho nu não seria possível visualizar. Outro fator que pode ajudar a elucidar estas entidades é a utilização de corantes, como por exemplo: azul de metileno 1% ou 2%, violeta de genciana, etc… associados ao uso prévio de brocas esféricas de baixa rotação usadas à seco, em que irá rastrear a linha de fissura.
É necessário um esclarecimento, já que o processo evolutivo com a introdução de novas tecnologias, nos faz utilizar cada vez mais estes recursos. Mas, por exemplo: a CBTC (tomografia computadorizada cone bean), muito embora tenha uma importância cada vez maior na endodontia, ainda não tem a capacidade de identificar com precisão uma fissura ou trinca num elemento dental. Na sequência: micro-trinca < trinca < fissura, fenda < fratura (evolução acorde intensidade do processo). Por vezes identifica-se, com este recurso, uma fratura… contudo, muitas vezes a imagem apenas sugere. É preciso conhecer as limitações de qualquer equipamento, técnica, materiais, etc… No caso específico de dentes com suspeita de trinca, fenda ou fratura, a unidade muitas vezes é portadora de prótese acompanhada de pino intra-radicular. A imagem, por enquanto, é comprometida pela imcompatibilidade devido à artefatos lançados pelo metal que limitam a sua precisão. Muitas imagens são verdadeiramente duvidosas… muitas vezes apenas sugeri-se. A CBTC tem uma eficiência maior quando utilizado para detectar perdas de estrutura óssea, extensão da lesão para estruturas adjacentes, etc…