A cirurgia em endodontia faz parte da terapia endodôntica como manobra de fundamental importância nos casos em que o tratamento de canal se torna impossível por fatores que impedem o acesso clínico ao terço apical da raiz.
Obstruções como: instrumentos calibrosos fraturados sem condições de remoção, perfurações, reabsorções externas extensas sem condições de tratamento clínico, pinos largos, extensos e mal posicionados, com paredes radiculares delgadas, obstruções biológicas, transporte do canal no terço apical, etc… são fatores a serem considerados para um plano de tratamento adequado.
Sempre que possível o profissional deve utilizar todos os recursos clínicos para uma terapia eficiente e menos desconfortável ao paciente. Contudo, o bom senso vai indicar até quando tentar o tratamento clínico, sem maiores riscos para obtenção dos melhores resultados.
É importante salientar que a cirurgia passou por uma mudança ao longo dos últimos dez anos de grande magnitude… desde 1997 que o termo endodontia cirúrgica é, por mim, utilizada no dia a dia. Simplesmente porque o conceito foi reformulado, criado com intenção de tornar a cirurgia em endodontia um tratamento altamente previsível.
O objetivo atual da endodontia cirúrgica não é trabalhar apenas no ápice… mas sim em toda a extensão do canal radicular até terço médio ou mesmo cervical, dependendo da situação. Entre o ápice e o vedamento cervical do dente, seja por restauração ou por pino com prótese, existe uma área extensa, em muitos casos. Portanto, tratar apenas os três milímetros apicais, não é suficiente diante de uma área que pode variar de 3 a 11mm, ficando portanto muito tecido contaminado, servindo de substrato microbiano.
Grande facilitador na aplicação das técnicas clínicas e cirúrgicas, o microscópio operatório, é ferramenta fundamental. Uma das grandes vantagens do uso do microscópio operatório nas cirurgias parendodônticas é a visão magnificada apresentando todas as alterações existentes permitindo as devidas correções. Falhas que porventura possam existir durante o procedimento é corrigido em tempo. A presença de istmos, deformações apicais como reabsorções, posição do canal a ser preparado, qualidade do preparo apical, etc…
Um dos conceitos importantes para o plano de tratamento cirúrgico, é o de que a complexidade anatômica de áreas adjacentes ao ato cirúrgico, raramente contra-indica uma cirurgia, pois manobras adequadas e o uso de equipamentos apropriados facilitam sobremaneira o procedimento, dando plenas condições para que o organismo tenha uma boa recuperação.